É provável que existam muitos que não gostam desta data.
1 - Os Exploradores! A banca, como por exemplo, o BCP, que só no 1º trimestre do ano corrente teve 191 nilhões de euros de lucro.
2 - Os que toda a vida viveram deleitados com o desgosto, a tragédia, as dificuldades financeiras do povo, os que se deleitavam sobre a capa do fascismo e com a exploração, se fizeram não por mérito, em gente bem sucedida.
Mas outros, os oprimidos, os explorados, os perseguidos dataram uma nova vida depois de 25 de ABRIL.
Começaram a pensar sem sentir medo.
De dizer sem ter medo.
A fazer sem ter medo.
Dizendo BASTA. Desconcertaram e confundiram as vidas dos exploradores porque ABRIL CHEGOU.
A LIBERDADE FOI E HA-DE SER SEMPRE UMA REALIDADE.
LIBERDADE SIM, FASCISMO NUNCA MAIS.
VIVA O 25 DE ABRIL!!!!
Depois das cenas do passado domingo, mal se imagina o que pode seguir-se. As fracções do CDS acusam-se: uns organizam o "assalto ao poder", outros estão "agarrados ao poder". Ora, pelo contrário: aceitando as metáforas do universo da toxicodependência, no CDS todos estão sob violenta "ressaca de poder".
O CDS nasceu após o 25 de Abril como reduto de resistência de uma direita vinculada à ditadura mas empenhada em pesar por todos os meios, do bombismo às eleições, contra as mudanças a que o país se abriu com a revolução. Foi nesse espaço, marcado pela ligação orgânica a sectores da hierarquia religiosa, que o partido se afirmou durante muitos anos. Ainda em finais da década de oitenta, era Adriano Moreira, antigo ministro do Ultramar durante a guerra colonial, quem liderava as hostes "centristas", não hesitando em celebrar acordos eleitorais com a extrema-direita da Nova Monarquia.
Paulo Portas não faz parte dessa história. Nesses tempos, iniciava-se no jornalismo com críticas ao reaccionarismo da Igreja e do PSD em assuntos como o aborto. Portas pavimentava o seu caminho até à fundação d'O Independente, onde daria à luz uma nova cultura de direita, mais urbana e americanófila (o CDS inicial perdoava mal a política de Washington para a guerra colonial) e mais sintonizada com os tempos do neoliberalismo e dos yuppies. Ainda jovem, Portas já não prescindia da bengala a que se agarraria sempre: o populismo político. A sua nova direita podia estruturar um séquito, mas não dava votos. O seu primeiro ensaio populista foi o eurocepticismo, em nome de uma vox populi que, por interposto Manuel Monteiro, Portas tentava interpretar.
Correndo com Monteiro e completando a conversão do CDS à sua imagem, Portas torna-se ministeriável com um partido de agitação mediática. O nacionalismo anti-europeu, que não criou raízes nem cabia no consenso do regime, foi substituído por outros truques de algibeira: o apelo securitário, a insinuação anti-imigrante, a manipulação dos antigos combatentes, dos reformados mais pobres, dos pequenos agricultores ameaçados. Sempre com um verniz beato que ("graças a Deus!") nunca lhe assentou bem. Com Guterres firmou maiorias parlamentares (para a lei da imigração, por exemplo), mas a boa hora soou com Durão Barroso. O governante Paulo Portas deu o que tinha e o que não tinha, em gente e política.
Mas o destino do governo foi o que se sabe. Barroso era mau demais para Portugal (isso notou-se nas eleições europeias) e Bush e Bruxelas estavam mesmo a precisar de alguém assim. Ficou Santana, com quem nenhum projecto político se podia salvar. Longa demais para o país, a festa durou pouco para o CDS - e a ressaca é ainda mais penosa num partido pequeno e desorientado.
Desde a noite das eleições, o CDS é o palco de protagonismos contraditórios: Ribeiro e Castro, vindo do velho saudosismo, é um fundamentalista que deu o que tinha para dar no referendo de Fevereiro e perdeu tudo, tal como Maria José Nogueira Pinto; Zezinha é um pequeno mito em queda: do seu mandato como vereadora em Lisboa (da habitação social, é preciso lembrar) só restará o embaraçoso compromisso com a gestão Carmona; Paulo Portas fez a sua "travessia do deserto" (sem nunca deixar o salário de deputado), mas na sua "nova imagem" só se viu até agora o cinismo da guerra por procuração contra a actual direcção e uma vaidade intacta. Ele é o irreciclável ministro de Estado de Barroso e Santana, o que enviou a fragata contra o ‘barco do aborto', o anfitrião de Rumsfeld, o padrinho da nomeação de Bagão Félix como ponta-de-lança da ofensiva patronal.
É possível que o CDS não aguente. Em primeiro lugar, porque faltam projecto e estratégia: tanto à velha-guarda derrotada, que das origens já só tem o fundamentalismo religioso, como à clientela de Portas, agora reduzida a um populismo narcísico, programa que se devora a si próprio, absolutamente dependente das lógicas da comunicação social. Em segundo lugar, porque faltarão apoios: para a burguesia portuguesa, que deixou cair PSD e CDS do governo, o problema do poder está bem resolvido com Cavaco e Sócrates. O PS está a realizar as reformas de Bagão até onde este apenas sonhou. Isto coloca o PSD entre parêntesis, enquanto ao CDS faltam os mínimos de credibilidade para sequer pensar em novas boleias para futuras alternâncias.
A disputa no CDS não é pelo poder. Esse é que é o problema. Deles.
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