Batem as pancadas de Molière.
Abrem-se os cortinados.
Numa sala repleta, sem lugar, sequer para uma formiga numa plateia atenta, no Teatro Portugal, espera o desempenho dos actores, que todos sabemos serem grandes nomes de cartaz!
Actores sofridos, mas que bem dizem no cruzamento dos seus papeis, a cena a que estamos a assistir.
_ Então homem? Sempre fecham a fábrica.
_ Sim mulher. Fecham...
Ela desaparece para um canto da cozinha, e tempera com as suas lágrimas o tacho que vai mexendo, mas que pouco já têm.
Nós espectadores somos levados num impulso de consciência, a pensar, e se amanhã também eu fico sem emprego?
Como pagaria a casa?
Como pagaria os estudos do meu filho?
Vamos lá esquecer tudo isto!! Não vai ser comigo.
Mas quando desperto deste terrível pensamento, oiço o puxar de lenços, o assoar de narizes, que antes limparam lágrimas. Tornei a reflectir em tudo o que estava a vêr , "A peça da Miséria", escrita por um governo desumanizado.
Fui levado a pensar no discurso do Presidente da República no dia 10 de Junho, apelando aos Portugueses para não se deixarem vencer pelo desânimo e pessimismo.
Se é de aplaudir o discurso, também é natural colocar algumas interrogações. As explicações são muitas, para que tal esteja a acontecer, e é precisamente provocado pelo desempenho dos decisores políticos. Por isso entraram no maior descrédito alguma vez pens á vel. O rol de decisões erradas e errantes que os diversos governos tornaram, a continuação dos deslizes de executivos anteriores que os que lhes sucedem tentam emendar, muitas vezes, errando de novo. E a inimputabilidade com que tudo tem acontecido, sem que ninguém seja responsabilizado, realmente deprime.
Mas foi curioso o discurso de Cavaco Silva, agora a incentivar a iniciativa de todos nós e a desafiar-nos á participação. A memória é curta, todos sabemos, mas Cavaco Silva foi um Primeiro ministro centrista, que quando as oposições se manifestavam dizia: "Deixem-nos Trabalhar", achava, que sozinho podia fazer tudo e melhor. Puro engano, como se viu.
Caiu o Pano,
De pé os Portugueses em vez de palmas, gritam,
EMPREGO SIM
DESEMPREGO NÃO.
2ª PARTE
O pano sobe, ouvem-se as pancadas de Molière .
E ouve-se os artistas sofridos contarem que a Opel tinha convidado os trabalhadores a irem para Espanha com as regalias dos trabalhadores espanhóis , mas... com a perdas dos direitos adquiridos e sem qualquer direito a indemnização .
O Presidente da Associação Nacional de Municípios, incentiva a correrem com os inspectores do ambiente à pedrada (este é o exemplo de um Srº Autarca do PSD), O Srº Marques Mendes silencia-se na sua toca perante afirmações gravosas, com cariz criminal de um militante do seu partido.
É este o País que nos é oferecido por incapazes políticos sem o mínimo de credibilidade, por exploradores e por incentivadores à desordem, TRISTE PAÍS!!!
Valha-nos o mundial, para ir animando a festa e mais uma vez, os espectadores não batem palmas, GRITAM GRITAM,
NÃO À EXPLORAÇÃO
TRABALHO SIM
DESEMPREGO NÃO
Reflectamos e vejamos se isto não é de facto uma peça de teatro.
Um Abraço de Solidariedade.
. ESTE SENHOR ALARGA O CINT...
. ALCOCHETE: BASTA DE INJUS...
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